Críticas não repercutiram bem na Secretaria de Cultura e na Prefeitura. Paulo Moraes, Diretor da Secretaria de Cultura respondeu as críticas em sua página do Facebook
Na última quinta-feira (05) durante a abertura do show de lançamento do CD "
Guarulhos Canta Mamonas" no Centro Educacional Adamastor, os produtores
do evento criticaram severamente o sistema de gestão da Cultura da
Cidade que, de acordo com eles, emperra as ações de artistas,
produtores, músicos e até mesmo de funcionários que "são impedidos" de
trabalhar por falta de condições.
Entre as principais críticas, os
altos cachets pagos aos artistas que estão na mídia, a falta de
estrutura e de equipamentos e os boicotes que sofrem os artistas locais
com cachets irrisórios. Aldo di Julho, idealizador do projeto e produtor
do trabalho confirmou que, mesmo estando realizando um trabalho em
homenagem aos Mamonas Assassinas, ainda sim o projeto quase foi abortado
mesmo tendo sido financiado pelo Funcultura. " Quase perdemos a data do
show depois de tudo feito. A Secretaria disse que a data atrapalharia o
evento de aniversário da cidade. Me liberaram a data, duas semanas
antes do show além de dificultarem a divulgação na Agenda Cultural, fora
os problemas de estrutura. Tivemos que colocar as faixas de divulgação
na rua durante a madrugada", afirmou Di Julho. O trabalho foi realizado
por vários artistas da cidade cantando releituras dos sucessos da banda.
"Há de se ressaltar que, Os Mamonas só tiveram espaço na cidade após
terem sido reconhecidos nacionalmente. A Banda que se tornou fenômeno no
final dos anos 90 precisou antes disso, implorar uma oportunidade para
tocar antes do sucesso no Thomeuzão e a resposta como sempre foi
negativa". Precisamos acabar com esse sistema de gestão arcaico que
impera na cidade há mais de 20 anos", disse a produtora Laila Fidelli.
O vídeo do show com críticas feitas pelo vocalista Dinho quando a banda
se apresentou pela primeira vez na cidade após o sucesso, foi exibido
na abertura do evento sob aplausos do público presente.
As
críticas feitas publicamente sem nenhum cunho partidário não
repercutiram bem junto a Secretaria de Cultura e a Prefeitura. O Diretor
Paulo Moraes que não estava presente no evento divulgou nota em sua
página no facebook repudiando as críticas feitas à Secretaria. Em tom
pejorativo ele abre o texto com o título "Mamonas Assassinas da Cultura
Guarulhense". Mas quem de fato teria "assassinado" a cultura na cidade
? Tire você suas conclusões.
Mamonas Assassinas da Cultura Guarulhense
Quando iniciamos a luta pela cultura na cidade de Guarulhos (falando
hoje como funcionário público e ligado também à luta política da cidade)
muitas das pessoas que agora se arvoram os grandes produtores, os
grandes diretores, os grandes músicos, enfim, a nata da cultura
guarulhense não era nem nascida, e outros estavam por aí mas não queriam
“sujar as mãos na política”. A internet não existia e a luta era muito
mais dura e cruel. A cidade não possuía teatro, e sua maior escola de
música estava jogada às traças, e tantas eram as ausências de estrutura e
projetos que não é possível nem ao menos uma simples comparação do
passado com a atualidade. Hoje o PT esta sendo escorraçado por muita
gente, e é perfeitamente entendível, eu mesmo sofro diariamente com as
dúvidas e o Tsunami de críticas e linchamentos pós mensalão, mas manter
três mandatos de presidente e quatro em Guarulhos é no mínimo
surpreendente. Por que isso aconteceu? porque apesar de todas as
críticas a cidade se transformou. Sim, a coisa não é tão simples, e os
guerrilheiros do intelecto vão descer o pau no que acabei de afirmar,
mas estou plenamente convicto do que digo (não, não vou fazer lista de
obras e ações de governo), e esse não é o ponto que desejo alfinetar. Na
abertura de seu livro: “Era dos extremos”, o grande historiador Eric
Hobsbawn diz no prefácio: “...não é possível escrever a história do séc.
XX como a de qualquer outra época, .....ninguém pode escrever sobre o
seu próprio tempo de vida como pode fazer em relação a uma época
conhecida apenas de fora...” ou seja, a história vai ser contada um dia,
sob a luz do tempo. O que podemos dizer agora, como integrantes deste
momento, vai assumir a forma das nossas posições e entendimentos
pessoais e muitas vezes cheios de distorções e preconceitos. Falar isso
ou aquilo do trabalho realizado pela secretaria de Cultura de Guarulhos,
do PT, sob a administração do Edmilson sem conhecer os procedimentos e
dificuldades, achando que a prefeitura tem que ser “Perfeitura”, é achar
que a democracia dentro do capitalismo é plena, é acreditar em fadas e
duendes, é crer num sistema político que simplesmente não existe.
Engraçado que muitos dos que mais reclamam são muitas vezes os mais
atendidos, e aqui, infelizmente, com dor no coração, mas motivado pela
força dos acontecimentos e em defesa de quem luta dentro do sistema para
melhorar as coisas, tenho que discordar dos produtores do “Guarulhos
Canta Mamonas” sobre as críticas à secretaria de Cultura, feitas no
espaço público do Adamastor Centro esta semana, não pelo conteúdo da
crítica em si, que também discordo, mas pela forma agressiva e
desrespeitosa, atingindo não somente o Secretário, mas os funcionários
que trabalharam muito para que o projeto pudesse ir em frente, com todas
as dificuldades, e o próprio público presente. Usar o microfone para
agredir daquela maneira sem direito de resposta é covardia. Depois,
ainda postam criticas no FACEBOOK, como se este fosse o fórum mais
adequado para quem tem um projeto financiado com dinheiro público.
Responsáveis que fossem, e se tão sérias as dificuldades, deveriam ter
cancelado a apresentação. A pior característica deste fato foi a
agressividade, a ferocidade de quem, mesmo financiados com dinheiro
público, desconhecem, ou fingem desconhecer as dificuldades dos
procedimentos da máquina pública, inclusive com alguns funcionários da
própria prefeitura apoiando as críticas, motivados também por iras
individuais, estes que estão por aí, parlando, parlando, mas produzindo
muito pouco para o nível da soberba e arrogância. Estes, se estivessem
na direção da secretaria, iriam com certeza resolver toda a crise
cultural da cidade - puro ufanismo demagógico. Os últimos anos
promoveram uma verdadeira revolução para a cultura de Guarulhos, e o
Edmilson esteve à frente disso, parabéns para ele, que recebe os
artistas de Guarulhos constantemente, que promove o dialogo e tem
postura pública e política. Uma pessoa que passei a admirar sem
santificação, principalmente pela sua característica de atuação firme e
sincera. Infelizmente tenho que tornar pública a minha insatisfação com o
ocorrido no “Guarulhos canta Mamonas”, pois me senti agredido e
confesso, desanimado com essa coisa da critica pela critica a que
estamos nos acostumando, por parte de alguns artistas da cidade, da
verdadeira irresponsabilidade verbal. Óbvio que temos problemas, nós
funcionários e toda a classe artística, mas nosso campo de batalha hoje
ultrapassa os limites deste município, nossa praça de guerra esta
recheada de novidades em armamentos da comunicação, e faz-se necessário
combater a xenofobia. A internet é fascinante, mas tem incentivado a
escrita fácil e irresponsável, por isso venho a publico defender meus
colegas e amigos da cultura, batalhadores e sabedores das dificuldades,
carregadores de pedras musicais ladeira acima, mastigadores de pregos
literários, batedores de ponto dançantes, autoflagelados pelas artes
plásticas, digeridos pelo ácido estomacal das leis de responsabilidade, e
somente o tempo poderá julgar. Resta-nos continuar na luta, apesar da
indignação e do desânimo desse fato provocado por “amigos”. As
consequências deste texto eu sei quais serão, mas é isso.
Paulo Moraes - Diretor - Secretaria de Cultura de Guarulhos
Marcos Fellipe - Maxmidia Imprensa & Comunicação
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