segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Crítica - Guarulhos é uma "letargia cultural", diz sociólogo



Artur Tomas de Assis afirmou que cultura da cidade é tratada de forma omissa

Para um cenário, no mínimo “low profile”, caminha a política cultural da cidade. Guarulhos tem cerca de 1.3 milhões de habitantes e, como se sabe, está entre as cidades mais ricas do Brasil, inclusive ultrapassando muitas capitais. Com espaços reduzidos, não que eles não existam, mas por conta da dificuldade para agenda-los, produtores culturais já nem são atendidos mais no seus pedidos de pauta. É quase uma heresia pedir pauta para espetáculos e cobrar bilheteria. Mas na onda das gratuidades (acredito sim que elas tenham que existir) o setor público adota a política peixe-piloto” (aquele que acompanha os gigantes dos mares). É o caso de Guarulhos que, em nome dessa gratuidade, fica dependente do Sesc, das contrapartidas dos espetáculos incentivados pelo Proac e de outras leis de incentivo à cultura, visto que o poder público de Guarulhos não compra espetáculos para apresentações gratuitas.

 É com uma política subdependente que caminha a Cultura da nossa cidade. O financiamento do FUNCULTURA que é por lei formado por 10% das arrecadações dos espetáculos em cartaz nos espaços públicos, passa a não existir ou a ser pífio. Uma das alegações possíveis para essa política de gratuidade seria a de formação de público, mas que público se quer formar? Ou pra onde está direcionada essa formação? São perguntas que ainda não encontram repostas. Conveniência disfarçada de pseudo-socialismo, é o que parece.



O financiamento do FUNCULTURA que é por lei formado por 10% das arrecadações dos espetáculos em cartaz nos espaços públicos, passa a não existir ou a ser pífio. Uma das alegações possíveis para essa política de gratuidade seria a de formação de público, mas que público se quer formar? Ou pra onde está direcionada essa formação? São perguntas que ainda não encontram repostas. Conveniência disfarçada de pseudo-socialismo, é o que parece.

Diante disso, artistas e agitadores culturais começam a fazer um movimento, que é a criação de coletivos de maneira a viabilizar seus projetos independentemente do poder público. Tornar a produção cultural mais horizontal. Nota-se que também não tem sido prioridade dar atenção aos coletivos. O que ocorre é no máximo cooptarem um ou outro coletivo, para que o discurso de que “estamos fazendo” faça algum sentido.
Temas discutidos em várias conferencias municipais estão engavetados, e são reinvindicações reincidentes em todas as conferencias. Se conferencias servem para “conferir o que está sendo feito e propor novas diretrizes”, parece que Guarulhos anda ruminando as mesmas questões Ad eternum, pois não se vê nem a tentativa para implementação das propostas apresentadas nessas conferencias. 

Se o intuito era asfixiar a cultura de mercado e os movimentos culturais locais estão conseguindo. O que tem sido apresentado como produção cultural local são extremamente precários, que beiram ao caricato. Enquanto isso artistas guarulhenses, que propõem algo relevante, estão completamente sufocados, por não concordarem com as ações de políticas públicas para a cultura. Ah, mas cultura não dá voto! É o que se houve nas conversas com políticos. Erro achar que cultura não dá votos, é de uma pequenez que beira a “indigência intelectual e política”.


A cultura está sendo tratada de forma omissa e vai minando a cada dia, causando um esgotamento. Exemplo disso foi o esvaziamento da última conferencia, o que mostrou a completa falta de interesse dos agitadores culturais e do povo em geral pelas políticas adotadas.
Cambaleando, não se vai nem para um lado nem para outro, caminhando para um limbo cultural e artístico, que não é o inferno e nem tampouco o céu. 
 
Dinamizar, criar relações com os coletivos e com pessoas envolvidas com a cultura de mercado, criar um banco de projetos, promover ações pontuais e assertivas, formação de público definidos (o que queremos e pra quem queremos), talvez sejam algumas ações interessantes, entre outras possíveis. Acredito que existam grupos e pessoas que possam propor algo mais significativo do que está sendo feito.
Outra solução, mas nada interessante, seria a Secretaria de Educação incorporar a Secretaria de Cultura como departamento. O argumento é que pelo menos haveria um enxugamento da máquina. 
O que não deve continuar é essa “letargia cultural” na qual o município está. 

Fonte : Artur Tomas M.de Assis

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