A presidente Dilma Rousseff vai propor hoje ao papa Francisco apoio a
projetos internacionais de combate à pobreza e à exclusão social, como
iniciativas voltadas para o continente africano.
O tema fará parte da conversa reservada da petista com o pontífice, na
qual Dilma dirá que o governo brasileiro e o Vaticano podem unificar
ações internacionais nessas duas áreas, citando as medidas que o Brasil
já desenvolve em relação à África.
Dilma vai receber o papa às 16h, na base aérea do aeroporto do Galeão,
no Rio. Depois, participará da cerimônia oficial de chegada do
pontífice, às 17h, no Palácio Guanabara. Em seguida, às 18h, terá o
encontro privado.
Na saudação formal, Dilma vai destacar a
"coincidência" que acredita haver entre a opção pelos pobres do papa e a
"prioridade histórica" de seu governo e do de Lula com programas para
combater a pobreza no Brasil.
A presidente não deve tocar em
temas religiosos nas conversas com o papa. Quando seu antecessor, Bento
16, visitou o país, em 2007, havia na agenda diplomática a assinatura de
acordo com a Santa Sé, o que foi consolidado no ano seguinte por Lula
em viagem ao Vaticano.
Na campanha presidencial de 2010, as
relações do PT com a Igreja Católica foram abaladas quando Dilma foi
alvo de bispos que pregavam boicote à petista por seu posicionamento em
relação ao aborto, que seria "dúbia", segundo ala mais conservadora da
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Para
assessores, Dilma está "impressionada positivamente" com o estilo
simples e conectado do novo papa com as questões sociais e avalia que
ele terá papel importante para estimular um debate mundial sobre o
combate à pobreza.
As recentes manifestações de rua também
podem fazer parte da conversa, caso o papa toque no assunto, quando
Dilma deve destacar os programas na área da saúde e da educação que está
lançando.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse à
Folha que o pontífice "não tomará posição política" durante sua passagem
pelo Brasil. "O papa fala sempre que a boa nova do Evangelho é para
todos. Não toma partido, fala à consciência de cada um na construção da
sociedade. São fortes mensagens de responsabilidade, com acentos sobre a
solidariedade e o respeito aos direitos individuais."
Para
Lombardi, as 17 falas do papa no país não terão "fio condutor único".
"Naturalmente há temas do pontificado de Francisco: o missionarismo, o
anúncio da boa nova cristã com grande abertura, a solidariedade aos
pobres e às pessoas com dificuldade."
SEGURANÇA
Fora
da troca de ideias e propostas de ações unificadas na área social, o que
mais preocupa o governo brasileiro é a segurança do papa durante sua
estada no Brasil.
Diante da recusa do pontífice de usar carros
blindados, o Palácio do Planalto decidiu montar um esquema especial de
segurança para "minimizar e diminuir a margem de risco de incidentes".
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