Há boas notícias sobre o mal de Alzheimer. A frequência desta
doença cerebral incurável, que afeta sobretudo as pessoas mais idosas,
pode ser menor que a prevista, e seu risco cairia com o adiamento da
aposentadoria, revelam estudos.
Melhor ainda, as pessoas com mais de 90 anos estariam inclusive mais alertas mentalmente que os nonagenários de 10 anos atrás, indica um estudo realizado há pouco tempo por pesquisadores da Dinamarca.
Embora ainda não exista um tratamento eficaz para curar ou atrasar o
alzheimer - uma doença neurodegenerativa que provoca perda de memória,
uma diminuição das funções cerebrais e até uma modificação da
personalidade -, estas pesquisas trazem agora novas esperanças.
Conheça alguns mitos e verdades sobre Alzheimer
O primeiro sintoma do alzheimer é a perda da memória MITO: não é apenas
a perda da memória que sinaliza o alzheimer. A doença atinge
inicialmente a parte do cérebro que controla a linguagem, a memória e o
raciocínio, outros sintomas podem indicar sua chegada. "Esquecimentos
persistentes de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com
planejamento de atividades, cálculos, controle das finanças,
desorientação no tempo e no espaço, dificuldade de executar tarefas
rotineiras e alterações de comportamento (como comportamentos
inesperados, inadequados, incomuns para aquela pessoa) são os primeiros
sinais da doença de alzheimer", explica o psiquiatra Cássio Bottino,
professor do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e diretor científico da Associação
Brasileira de Alzheimer (Abraz) Leia mais Getty Images
Segundo
um estudo britânico publicado na revista científica The Lancet, a
porcentagem de pessoas de 65 anos ou mais velhas que sofrem de alzheimer
teria baixado na Grã-Bretanha quase 25% em um período de 20 anos,
passando de 8,3% para 6,5%.
Os pesquisadores, dirigidos pela
doutora Carol Brayne, do Instituto de Saúde Pública da Universidade de
Cambridge, compararam dois grupos de 7.000 pessoas nas mesmas regiões da
Inglaterra e de Gales. O primeiro estudo foi realizado no início dos
anos 1990 e o segundo entre 2008 e 2011.
Com base nas
estatísticas obtidas nos dois estudos, os especialistas concluíram que o
número de pessoas com mal de Alzheimer no Reino Unido chegou a 884.000
em 2008, mas caiu a 670.000 em 2011.
Os números geraram otimismo ao sugerir que 114.000 pessoas a menos estariam sofrendo esta terrível doença no Reino Unido.
A notícia é importante e vai contra uma série de projeções atuais: a
maioria dos governos europeus se prepara para elaborar programas
específicos contra o alzheimer baseados em projeções que sugerem uma
forte alta do número de doentes.
Segundo estimativas fornecidas
em março pelos protagonistas de um projeto europeu de cooperação sobre o
mal de Alzheimer, mais de 10 milhões de pessoas com mais de 65 anos
podem sofrer de alzheimer em 2040 na Europa, contra 6,3 milhões em 2011.
Outra boa notícia vem de estudos que apontam que adiar a data da aposentadoria contribuiria para atrasar o alzheimer.
Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo Instituto Francês de
Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), cujos resultados preliminares foram
apresentados nesta semana em Boston, no nordeste dos Estados Unidos,
durante a Conferência da Associação Internacional do Alzheimer.
Este estudo, realizado com 429.000 pessoas, concluiu que cada ano
adicional de trabalho depois de completar os 60 anos reduziria em quase
3% o risco de sofrer desta doença cerebral irreversível, que destrói
progressivamente a memória e as habilidades cognitivas.
"Nossos
dados demonstram que uma idade tardia de aposentadoria está associada a
uma diminuição altamente significativa do risco de demência", ressaltou
Carole Dufouil, que dirigiu o estudo do Inserm.
Estudos
epidemiológicos anteriores demonstraram que pessoas que têm um nível
avançado de estudo ou de atividades estimulantes no plano cognitivo têm
menor risco de desenvolver o mal de Alzheimer.
"A hipótese
levantada com mais frequência é a de que os estímulos (intelectuais)
contribuiriam para preservar a reserva cognitiva, atrasando, assim, as
consequências clínicas de anomalias cerebrais", explicou a pesquisadora
francesa.
Além da estimulação cognitiva, a atividade
profissional permite manter uma rede social, fator também associado por
certos estudos a "um menor risco de demência", completou a pesquisadora.
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