Os sindicalistas que bloquearam 16 terminais de ônibus nesta
quarta-feira prometem fechar todos os 31 terminais da cidade a partir
das 9h de amanhã. O grupo faz parte de uma chapa de oposição no
sindicato dos motorista e cobradores de São Paulo.
Eles vão aderir ao "Dia Nacional de Lutas", movimento de centrais
sindicais que pretende paralisar São Paulo e algumas das principais
cidades do país amanhã. As centrais sindicais devem se reunir em frente
ao Masp, na avenida Paulista, a partir das 12h.
"É preciso que os trabalhadores discutam os seus interesses e é isso que
vamos fazer", diz Edivaldo Santiago, candidato a vice-presidente na
chapa de oposição no sindicato. A eleição ocorre nesta semana.
Segundo o sindicalista, haverá uma grande mobilização em todos os
terminais. "Vamos parar por volta das 9h. Vamos atender as linhas que
vão até a avenida Paulista para não desmobilizar o grande ato do Masp
amanhã, meio-dia."
Hoje, os sindicalistas fecharam os terminais gradativamente a partir das
8h. Passageiros conseguem entrar, mas os ônibus não podem sair.
Segundo a SPTrans, empresa municipal de transporte, continuam bloqueados
os terminais Santo Amaro, Parque D. Pedro, Capelinha, Campo Limpo,
Grajaú, Varginha, João Dias, Lapa, Cachoeirinha, Pirituba, Casa Verde,
Vila Prudente, Jabaquara metrô Santana, Sacomã e Mercado, do Expresso
Tiradentes. Ao menos 400 linhas foram afetadas.
Atualmente, o presidente do sindicato dos motoristas e cobradores é Isao
Hosogi. Ele condenou os bloqueios e disse que uma "minoria dissente
pratica terror eleitoral".
Edivaldo Santiago, no entanto, negou que os atos de hoje tenham relação
com a eleição. "Os bloqueios não têm nada a ver com a eleição. O
trabalhador tem de vir em primeiro lugar", disse.
Ainda de acordo com ele, os sindicalistas só saem após manifestação da
prefeitura sobre as reivindicações do grupo. Eles querem melhores
condições de trabalho e garantia de emprego a cobradores.
No dia 3, o mesmo grupo bloqueou três terminais na cidade por duas horas e meia.
"É um absurdo que uma disputa sindical afete a vida do trabalhador de
São Paulo", diz Jilmar Tatto, secretário municipal dos Transportes.
DISPUTA
O principal articulador da chapa de oposição na eleição do sindicato dos
motoristas e cobradores de ônibus é Edivaldo Santiago, 65, que liderou a
maior greve de ônibus da história de São Paulo.
Ele era presidente do sindicato em 1992, quando os veículos ainda eram da CMTC (empresa municipal) e ficaram nove dias parados.
"Nenhum partido nos representa. Somos contra essa atual administração do
sindicato, que é conivente com os patrões e se vende para a
prefeitura", disse Santiago ao participar do protesto da semana passada.
Ele é candidato a vice-presidente na chapa da oposição.
Santiago é criticado por opositores por não ter endurecido na gestão Maluf, quando a CMTC foi extinta.
Voltou ao sindicato em 2000. Ele e outros 18 integrantes da diretoria
foram presos em 2003 sob a acusação de crimes como enriquecimento
ilícito e formação de quadrilha -negada por eles.
Entre os presos também estava o atual presidente, Isao Hosogi, o
Jorginho, e o diretor financeiro, José Valdevan de Jesus, o Valdevan
Noventa.
Libertado, Jorginho assumiu no ano seguinte por influência de Santiago, a quem chamava de "padrinho".
Mas disputas acabaram com a aliança de décadas.
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